A Lenda do Dilúvio na Mitologia Coreana
- Dramalize
- 24 de mai. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 19 de jan.

Era uma vez uma árvore imponente que se erguia altíssima no horizonte. Sob a sombra dessa árvore, uma criatura celestial de rara beleza frequentemente descansava.
Em uma de suas visitas à terra, essa figura encantadora uniu-se ao deus da árvore, formando um laço sagrado. Dessa união nasceu um menino chamado Mok Toryong.
Seu nome carregava o significado de sua origem: filho do deus da árvore.
Quando Mok Toryong tinha apenas oito anos, sua mãe retornou ao reino celestial, deixando-o sob os cuidados de seu pai, a árvore protetora.
Contudo, pouco tempo depois, uma terrível tempestade assolou a terra. A chuva incessante transformou tudo em um imenso oceano, e até mesmo a poderosa árvore foi ameaçada pelas ondas gigantescas.
A árvore, percebendo o perigo iminente, chamou seu filho e disse: “Meu querido, logo serei arrancada pela força desta tempestade. Quando isso acontecer, suba em meus galhos e segure firme. Só assim você sobreviverá”.
Como previsto, a árvore foi finalmente derrubada pela fúria da natureza.
Mok Toryong rapidamente escalou os galhos de seu pai e, assim, os dois flutuaram pelas águas turbulentas por dias a fio, sem direção, à mercê das ondas implacáveis.

Salvando Vidas na Tempestade
Enquanto vagavam pelo vasto oceano, Mok Toryong e seu pai ouviram um grito de socorro. Era um grupo de formigas que lutava para sobreviver nas águas. Com compaixão, Mok Toryong perguntou ao pai: “Devemos salvá-las?”.
“Sim, meu filho”, respondeu a árvore.
Assim, o menino ajudou as formigas a subirem nos galhos, garantindo sua segurança. Não muito depois, uma nuvem de mosquitos apareceu, exausta e sem ter onde pousar.
Mais uma vez, Mok Toryong pediu permissão ao pai para salvá-los. Com a aprovação do deus árvore, ele ofereceu abrigo também aos mosquitos.
Então, algo inesperado aconteceu.
No meio das águas revoltas, ouviram o choro de um menino. Ele tinha a mesma idade de Mok Toryong e clamava por ajuda. Mok Toryong sentiu pena dele e pediu ao pai para resgatá-lo.
Mas dessa vez, o deus árvore hesitou. “Se fizer isso, meu filho, você pode se arrepender. Decida por sua conta e risco”.
Mesmo diante do aviso, Mok Toryong seguiu seu coração e ajudou o menino a subir.
Assim, o pequeno grupo continuou sua jornada até finalmente chegar a uma ilha — o pico da montanha mais alta do mundo, a única terra remanescente após o dilúvio.

Uma Nova Vida na Ilha
Ao chegar à ilha, as formigas e os mosquitos agradeceram Mok Toryong e se despediram.
Os dois meninos, porém, permaneceram e começaram a explorar o local. Descobriram uma cabana de palha habitada por uma velha e duas meninas: uma era filha biológica da senhora, e a outra, adotada.
Com o tempo, ficou claro que a pequena ilha era o único refúgio seguro do mundo. Os meninos trabalharam arduamente para ajudar a velha em troca de abrigo, e os anos se passaram. Todos cresceram e se tornaram adultos.
A velha decidiu que os rapazes deveriam se casar com suas filhas, mas enfrentou um dilema: qual dos dois seria o marido de sua filha biológica? Nenhum deles queria casar-se com a filha adotiva.
Para resolver a questão, a velha propôs um teste de habilidades. O menino salvo por Mok Toryong viu nisso uma oportunidade de manipulação.
Ele afirmou que Mok Toryong possuía poderes extraordinários, como a habilidade de separar painço de uma pilha de areia.
Intrigada, a velha decidiu testar Mok Toryong. “Se você realmente for tão habilidoso, provará que merece minha filha verdadeira como esposa”, declarou ela.
Desesperado, Mok Toryong sabia que não poderia realizar tal tarefa.
Mas, naquele momento, uma velha aliada apareceu: uma formiga gigante mordiscou seu calcanhar e perguntou: “Lembra-se de mim? Sou uma das formigas que você salvou. Qual é o seu problema?”.
Mok Toryong explicou a situação, e a formiga garantiu: “Deixe isso comigo. Retribuiremos sua gentileza”. Assim, uma legião de formigas apareceu e separou rapidamente o painço da areia.
A velha ficou impressionada com a tarefa concluída e decidiu que Mok Toryong era digno de se casar com sua filha biológica.
Um Final Decidido Pela Astúcia
Embora o plano do outro jovem tivesse falhado, ele ainda tentou persuadir a velha a mudar de ideia.
Para resolver de vez a questão, a velha propôs um último desafio: naquela noite, sem luz da lua, os dois meninos deveriam escolher um dos quartos onde as meninas estariam. A garota encontrada seria a esposa do rapaz.
Durante a noite, um mosquito zumbiu perto de Mok Toryong e sussurrou: “Vá para o quarto leste. Confie em mim”. Reconhecendo o mosquito que havia salvo, Mok Toryong seguiu sua orientação e encontrou a filha biológica da velha.
Ela se tornou sua esposa, enquanto o outro jovem ficou com a filha adotiva.
Os descendentes de Mok Toryong e dos outros se espalharam pelo mundo, repovoando a terra após o grande dilúvio.

O Significado da Lenda na Mitologia Coreana
Essa história fascinante da mitologia coreana não apenas explica as origens da humanidade após um dilúvio, mas também destaca a importância da bondade e da gratidão.
A forma como Mok Toryong ajudou as formigas e os mosquitos, mesmo em um momento de adversidade, demonstra o valor de atos altruístas. Em retorno, esses pequenos aliados o ajudaram em momentos cruciais de sua vida.
Além disso, a lenda ressalta a ideia de que escolhas morais nem sempre são fáceis, mas as consequências positivas podem transformar destinos. Mok Toryong não apenas superou os desafios apresentados por outros, mas também se tornou o precursor de uma nova humanidade.
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