Como é estudar na Coreia do Sul: Desafios, Pressões e Realidades do Sistema Educacional
- Van Borh
- 22 de fev.
- 4 min de leitura

A Coreia do Sul é mundialmente conhecida por seu sistema educacional rigoroso e altamente competitivo.
Embora os alunos sul-coreanos frequentemente alcancem notas elevadas em rankings internacionais, como o PISA, esse sucesso vem acompanhado de um custo emocional e físico significativo.
A sociedade sul-coreana coloca grande ênfase na educação, o que gera uma pressão intensa sobre os estudantes desde a infância.
Neste artigo examinaremos como é estudar na Coreia do Sul, explorando a rotina dos alunos, o impacto das provas de admissão e o papel do ensino privado na formação acadêmica.
Como é Estudar na Coreia do Sul: O Sistema Educacional Sul-Coreano
A Estrutura da Educação na Coreia do Sul
A educação na Coreia do Sul é dividida em três etapas principais:
Ensino Fundamental: Dura seis anos e tem um currículo básico voltado para matemática, ciências, coreano e estudos sociais.
Ensino Médio: Com duração de três anos, é onde a competição se intensifica. Muitos alunos ingressam em escolas especializadas para preparar-se para universidades.
Ensino Superior: A entrada na universidade depende dos resultados obtidos no Suneung, o exame nacional padronizado.
O Exame Suneung e a Pressão Sobre os Estudantes
O Suneung, conhecido como o “Enem coreano”, acontece uma vez ao ano e determina o futuro acadêmico e profissional dos jovens.
Esse exame é comparado ao SAT dos EUA ou ao vestibular do Brasil, mas sua relevância social e econômica é ainda maior.
Apenas um pequeno percentual dos candidatos consegue entrar nas universidades de prestígio, conhecidas como SKY (Seoul National University, Korea University e Yonsei University).

A intensa competição leva os estudantes a estudarem até 16 horas por dia, sacrificando sono, lazer e saúde mental.
No dia da prova, o país inteiro se mobiliza: voos são suspensos, o trânsito é controlado e até a bolsa de valores abre mais tarde para não causar estresse nos candidatos.
O Papel do Ensino Privado: Cursinhos e Professores Milionários
Muitos pais não confiam apenas no ensino público e matriculam seus filhos em hagwons, academias privadas onde os alunos revisam matérias e recebem treinamento intensivo para o Suneung.
O setor de educação privada movimenta bilhões de dólares anualmente, com algumas instituições oferecendo cursos exclusivos e professores celebridades.
O documentário Reach for the SKY retrata um desses professores, que ganha cerca de 4 milhões de dólares por ano apenas ensinando inglês.
Esses tutores são verdadeiras estrelas, e suas aulas online são assistidas por milhares de alunos em todo o país.

Como é a Rotina de um Estudante Sul-Coreano
A rotina de um estudante sul-coreano é extremamente exaustiva:
Manhã: Aulas na escola das 8h às 16h.
Tarde e Noite: Estudos adicionais em hagwons até as 22h ou 23h.
Fins de semana: Revisões, simulados e acompanhamento personalizado.
Exercícios e provas simuladas: Aplicadas constantemente para medir o desempenho do aluno e determinar suas chances de entrar em uma boa universidade.
Muitos alunos chegam a morar em internatos privados, onde passam meses isolados, sem contato com a família e sem acesso a celulares ou redes sociais.
Esses internatos são conhecidos como Sparta Schools, devido à disciplina rígida e ao foco exclusivo no estudo.

O Impacto Psicológico e Social da Pressão Acadêmica
Embora a educação seja vista como um caminho para a ascensão social, a pressão pode ter efeitos devastadores:
Altas taxas de suicídio: A Coreia do Sul tem um dos índices mais elevados de suicídio entre jovens de 15 a 25 anos, em grande parte devido ao estresse acadêmico.
Problemas de saúde mental: Muitos estudantes sofrem de insônia, depressão e ansiedade severa.
Falta de habilidades práticas: O ensino é focado na memorização e na obtenção de boas notas, em vez do desenvolvimento de habilidades aplicáveis ao mercado de trabalho.
A Influência dos Pais e da Sociedade
Os pais desempenham um papel fundamental no sistema educacional da Coreia do Sul. Para muitas famílias, a educação dos filhos representa um investimento de longo prazo.
A pressão para ingressar em universidades de prestígio não vem apenas dos estudantes, mas também dos pais, que muitas vezes gastam suas economias em hagwons e professores particulares.
Além disso, o nome da universidade onde um aluno estudou pode determinar suas oportunidades de emprego. Empresas como Samsung e Hyundai priorizam candidatos de instituições renomadas, o que reforça a importância do Suneung.
Como o Sistema Educacional da Coreia do Sul Pode Mudar?
Embora muitos reconheçam as falhas do sistema, mudanças significativas são difíceis.
O governo já tentou implementar reformas, como limitar o horário dos hagwons e alterar os critérios de admissão universitária, mas a competição extrema continua.
Algumas sugestões para tornar o sistema mais equilibrado incluem:
Menos foco em provas padronizadas: Estímulo a entrevistas e análise de projetos acadêmicos como critérios de seleção.
Mais educação prática: Redução da memorização mecânica e aumento de experiências interativas e criativas.
Apoio psicológico: Expansão de serviços de saúde mental para estudantes.

Compreender como é estudar na Coreia do Sul revela um sistema que valoriza a excelência, mas muitas vezes à custa da saúde mental e do bem-estar dos alunos.
Embora o prestígio acadêmico continue sendo um fator determinante para o futuro dos jovens, há sinais de que a sociedade sul-coreana está começando a questionar os efeitos negativos dessa cultura de extrema competição.
Para que mudanças ocorram, será necessário um esforço conjunto entre governo, escolas, pais e estudantes.
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