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A Formação do Céu e da Terra na Mitologia Coreana: A Saga de Maitreya

  • Foto do escritor: Van Borh
    Van Borh
  • 28 de jun. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 20 de jan.


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Você já se perguntou como o céu e a terra surgiram, segundo as antigas crenças coreanas?


A mitologia coreana nos presenteia com uma narrativa fascinante, protagonizada por Maitreya (Miruk), o Buda do futuro, que moldou o universo separando os céus da terra e dando origem a tudo o que conhecemos.


Prepare-se para embarcar em uma jornada pela cosmogonia coreana e descobrir os detalhes surpreendentes desse mito ancestral.

O Caos Primordial e o Surgimento de Maitreya na Mitologia Coreana


No princípio, quando os céus e a terra ainda estavam unidos em um único caos primordial, surgiu Maitreya (Miruk). Maitreya, no contexto budista, é o Buda do futuro, aquele que virá para trazer iluminação em uma era vindoura.


Na mitologia coreana, sua figura assume um papel central na criação do cosmos, demonstrando a influência do budismo nas crenças locais.


É importante notar que, embora associado ao budismo, o papel de Maitreya neste mito pode ter incorporado elementos de divindades pré-existentes, cujos nomes e funções originais se perderam com o tempo.



A Separação do Céu e da Terra e a Criação dos Astros


Diante da união entre o céu e a terra, Maitreya tomou a decisão de separá-los.


Em uma imagem vívida e poética, o céu foi erguido como a alça da tampa de uma chaleira, enquanto pilares foram fincados nos quatro cantos da terra, garantindo a estabilidade da nova ordem.


A Criação do Sol, da Lua e das Estrelas


Naquela época primordial, existiam dois sóis e duas luas. Maitreya, com sua sabedoria e poder, criou a Ursa Maior e o Arqueiro a partir de pedaços rasgados de uma das luas.


Da mesma forma, as grandes e pequenas estrelas surgiram de fragmentos de um dos sóis. Este ato de “remodelagem” dos astros pode ser interpretado como uma forma de magia negra, buscando controlar as forças da natureza.


Controlar o número de sóis, por exemplo, significava prevenir o calor excessivo e a seca, enquanto controlar o número de luas visava evitar inundações.


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A Determinação do Destino pelas Estrelas


Maitreya não apenas criou os astros, mas também lhes atribuiu funções específicas.


As grandes estrelas ficaram encarregadas de influenciar o destino dos reis e seus vassalos, enquanto as pequenas estrelas, chamadas chiksong, passaram a influenciar o destino do povo comum, de acordo com a idade de cada indivíduo.


Essa crença na influência dos astros sobre a vida das pessoas é um elemento comum em diversas culturas e mitologias.


A Necessidade de Vestimentas e a Invenção da Tecelagem


Após a criação do céu, da terra e dos astros, surgiu a necessidade de vestimentas. Como não havia tecido disponível, Maitreya demonstrou sua engenhosidade ao transformar videiras de araruta em matéria-prima.


As videiras, que se estendiam de montanha a montanha, foram colhidas, descascadas, fervidas e torcidas, transformando-se em fios.


Com um tear improvisado sob o céu e a urdidura amarrada às nuvens, Maitreya teceu uma túnica de monge budista, movendo a lançadeira para cima e para baixo.


A quantidade de material utilizada impressiona: um rolo inteiro de tecido para o corpo da jaqueta, meio rolo para cada manga, um metro e meio para a gola externa e um metro para a gola interna.


A criação do chapéu também demonstra a precisão de Maitreya. Inicialmente, ele tosou um pé e sete centímetros de cânhamo, mas o chapéu não cobria totalmente seus olhos.


Em seguida, cortou sessenta centímetros, mas o chapéu ainda não cobria suas orelhas. Somente após cortar três pés e sete centímetros de cânhamo, o chapéu se ajustou perfeitamente, cobrindo completamente a parte inferior do queixo.


A Busca Pelas Origens da Água e do Fogo


Naquela época, os deuses se alimentavam de comida crua, principalmente grãos de arroz crus, pois o fogo ainda não havia sido descoberto.


Maitreya, ao perceber o desconforto de comer grãos crus, com o som (som, equivalente a 47,6 galões americanos) ou o mal (mal, equivalente a 4,765 galões americanos) que produziam ao serem mastigados, decidiu buscar as origens da água e do fogo.



O Gafanhoto, o Sapo e o Rato: Uma Jornada em Busca do Conhecimento


A busca pelas origens da água e do fogo levou Maitreya a interrogar diferentes animais. Primeiro, ele capturou um gafanhoto e o questionou sobre o assunto, batendo em sua rótula com uma vara.


O gafanhoto, por sua vez, sugeriu que Maitreya perguntasse ao sapo, que era mais velho. Maitreya seguiu o conselho e interrogou o sapo, também batendo em sua rótula.


O sapo, então, indicou o rato como possível conhecedor dos segredos da água e do fogo.


A Recompensa do Rato e a Descoberta dos Elementos


Ao interrogar o rato, Maitreya ofereceu-lhe uma recompensa em troca da informação: o controle de todos os depósitos de arroz do mundo.


O rato, então, revelou que o fogo poderia ser obtido ao bater duas pedras, uma de quartzo e outra de ferro fundido do Monte Kumjong, e que a origem da água estava em uma fonte no Monte Soha.


O Nascimento da Humanidade


Após descobrir as origens da água e do fogo, Maitreya voltou sua atenção para a criação da humanidade. Ele orou aos céus com uma mão erguida segurando uma bandeja de prata e a outra mão erguida segurando uma bandeja de ouro.


Do céu, caíram cabeças de cinco insetos em cada bandeja. Os cinco insetos dourados se transformaram em homens, e os cinco insetos prateados se transformaram em mulheres.


Esses dez indivíduos se casaram, dando início à humanidade. Em algumas versões do mito, como no Saeng Kut, realizado por xamãs como Kang Chunok, Miruk cria os humanos a partir do barro.


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O Conflito entre Maitreya e Shakyamuni


A humanidade desfrutava de tempos pacíficos, alimentando-se com som ou mal de arroz. No entanto, Shakyamuni (Sokka), o Buda histórico, desceu do céu com a intenção de tomar o mundo de Maitreya.


Os Desafios e a Traição de Shakyamuni


Maitreya e Shakyamuni travaram uma disputa pelo domínio do mundo.


Maitreya propôs uma série de desafios, incluindo uma competição para ver qual cordão de garrafa (uma de ouro e outra de prata) quebraria primeiro, uma competição para congelar o rio Songchon no verão e uma competição para ver em qual joelho uma peônia floresceria.


Shakyamuni, através de artimanhas e trapaças, tentou vencer os desafios. Na última competição, por exemplo, ele trocou a peônia de joelho enquanto Maitreya dormia.


A Maldição de Maitreya e a Ascensão de Shakyamuni


Irritado com a desonestidade de Shakyamuni, Maitreya amaldiçoou o mundo que seria entregue a ele, prevendo a proliferação de rituais xamânicos, xamãs (mudang), artistas profissionais femininas (kisaeng), viúvas, rebeldes e açougueiros (paekjong), que na Coreia antiga eram considerados uma classe desprezada.


Além disso, Maitreya previu que muitos monges abandonariam seus votos. A maldição se concretizou rapidamente, e Maitreya, desgostoso, decidiu abandonar seu mundo, deixando-o para Shakyamuni.


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O Legado do Mito e os Rituais Ancestrais na Mitologia Coreana


A partida de Maitreya e a ascensão de Shakyamuni marcam uma transição importante na mitologia coreana.


O mito da criação, com seus detalhes ricos e personagens complexos, oferece um vislumbre fascinante das crenças e valores da Coreia antiga.


A história de Maitreya, com sua jornada para criar o mundo e seu conflito com Shakyamuni, continua a ecoar na cultura coreana, influenciando rituais e tradições.


A menção de rituais xamânicos, por exemplo, conecta o mito a práticas ancestrais que ainda hoje são relevantes na Coreia.


O mito também explica a origem de certos rituais, como o sacrifício anual aos espíritos das montanhas e riachos, realizado com arroz cru e cozido, e os piqueniques na primavera, que incluem o consumo de alimentos fritos com flores.


O mito da criação coreano, com sua rica simbologia e personagens complexos, nos oferece uma janela para o passado, revelando as crenças e valores que moldaram a cultura da Coreia.


A história de Maitreya, embora antiga, ainda ressoa no presente, influenciando a arte, a religião e a visão de mundo de muitos coreanos.


Ao compreendermos esse mito, abrimos uma porta para um entendimento mais profundo da rica e complexa cultura coreana.

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