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Os Cabelos na Cultura Coreana - Tradições e Significados ao Longo da História


cabelos na cultura coreana
Cena de "O Rio onde a Lua Nasce" - Dinastia Goguryeo

Os cabelos sempre tiveram um papel significativo na cultura coreana, representando não apenas beleza e estilo, mas também status social, valores morais e respeito às tradições.


Durante séculos, os penteados refletiram normas sociais rígidas, influenciadas pelo confucionismo e pelo sistema de classes.


Desde os tempos antigos até o final da dinastia Joseon, os cabelos na cultura coreana eram tratados com grande reverência e possuíam um forte significado simbólico.


O Significado dos Cabelos Longos na Cultura Coreana

Na sociedade tradicional coreana, cortar o cabelo não era uma prática comum. Isso se devia à crença confucionista de que o corpo, incluindo os cabelos, era um presente dos pais e, portanto, deveria ser preservado com respeito.


Assim, manter os cabelos longos era uma demonstração de piedade filial, um dos princípios fundamentais do confucionismo.


Cortar os cabelos poderia ser visto como um ato de desrespeito ou até mesmo um castigo. Em algumas situações, criminosos e aqueles que violavam normas sociais eram forçados a cortar o cabelo como uma forma de humilhação.


Além disso, monges budistas raspavam a cabeça como símbolo de desapego material e dedicação espiritual, diferindo-se do restante da sociedade.


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Cena de "Moon Lovers" - Dinastia Goryeo

Penteados da Antiguidade ao Período Goryeo

Desde os tempos antigos, os cabelos na cultura coreana eram um indicador claro da posição social e do estado civil de uma pessoa. Durante o período dos Três Reinos (57 a.C. – 668 d.C.), tanto homens quanto mulheres usavam cabelos longos e bem cuidados.


Homens de classes mais altas frequentemente amarravam os cabelos em um coque no topo da cabeça, enquanto as mulheres mantinham os fios soltos ou levemente presos.


Com o advento do Reino de Goryeo (918–1392), os penteados femininos se tornaram mais elaborados, refletindo a crescente influência da aristocracia.


As mulheres da nobreza utilizavam ornamentos luxuosos, como grampos dourados e presilhas de jade, para adornar os cabelos.


O daenggi meori, um penteado caracterizado por uma trança longa presa com uma fita chamada daenggi, tornou-se popular entre as jovens solteiras.


Regras e Restrições sobre os Cabelos na Era Joseon

A dinastia Joseon (1392–1897) trouxe ainda mais rigidez às regras sobre os cabelos na cultura coreana, alinhando-se aos princípios confucionistas.


O cabelo passou a ter um significado ainda mais profundo, sendo um reflexo da moralidade e da estrutura social.


O eoyeo meori, um coque tradicional masculino, simbolizava maturidade e dignidade.


Para fixá-lo no topo da cabeça, os homens utilizavam uma faixa chamada manggeon, enquanto os mais ricos podiam usar o gat, um chapéu cilíndrico de crina de cavalo.


Esse coque também estava ligado ao casamento – apenas homens casados podiam usá-lo, enquanto os solteiros deixavam os cabelos soltos ou trançados.


Para as mulheres, os penteados eram igualmente importantes. Quando solteiras, mantinham os cabelos longos e soltos, amarrados com uma fita.


Após o casamento, adotavam o jjok, um coque baixo preso na nuca, indicando sua nova posição na sociedade.


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Representação da Dinastia Joseon

O Decreto do Rei Yeongjo sobre os Penteados

Durante o reinado do Rei Yeongjo (1724–1776), houve uma tentativa de regular a extravagância nos penteados femininos.


Algumas mulheres da aristocracia passaram a usar perucas volumosas chamadas gache, que eram adornadas com joias e acessórios exuberantes.


No entanto, essas perucas se tornaram tão grandes e pesadas que começaram a ser vistas como excessivas e inadequadas para os valores confucionistas da época.


Como resposta, o Rei Yeongjo decretou a proibição do uso do gache, incentivando penteados mais discretos e alinhados com a moralidade confucionista.


Além disso, algumas mulheres começaram a adotar o tteoguji meori, um coque preso com ornamentos mais simples, como o binyeo, um grampo de madeira ou jade que ajudava a manter o penteado no lugar.


Conclusão

Os cabelos na cultura coreana sempre foram muito mais do que uma questão estética. Desde a antiguidade até a dinastia Joseon, os penteados carregavam um profundo significado cultural, representando status, valores e tradições.


O respeito pelos cabelos era uma manifestação do confucionismo e da estrutura social, reforçando a identidade e os papéis de cada indivíduo na sociedade.


Na segunda parte deste artigo, exploraremos como a modernização trouxe transformações nos penteados coreanos e como a influência ocidental impactou a moda capilar na Coreia.


Fique atento para a continuação desta fascinante jornada pela história dos cabelos na cultura coreana!


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